quinta-feira, 24 de março de 2011

Boca - 19/07/2007

Desce o decote e o suor vivo do teu peito
A ânsia amarga cobre a língua do meu leito
Mechas vivas meneantes cambaleiam
Braços fortes como farinha esperneiam.

Boca, vil e doce.
Diz palavras da inatingível distância
De mãos dadas subimos sete degraus
Descemos rolando três
E paramos no parapeito do apartamento.

Bateu a porta
Entrei pela direita
Jogou-me suas bonecas de diversas facetas
Rodávamos felizes, palavras, caretas.
E a sua boca.

Entreabertas linhas curvilíneas
Baba escorre pelas beiras
As carnes quentes laterais
Líquido aos conteúdos viscerais.

Boca,
Dela que dá origem à vida
E daí então até à morte
Ter-te comigo é plena sorte

Mechas vermelhas insanas
Rodelas pratas carinhosas
Cachos negros agressivos
Réguas louras abusivas.

Da boca
O grito
O amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário