segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Morfina (09/08/2010)

Nesta vida
Cheia de agitações tardias,
Conformo-me com a frieza dos dias
Onde sinto na alma o sumo açoite
De entregue ao corpo estranho pela noite.

E assim mesmo, sacudida, não me ama
E não me vê, não me olha, não me chama
Mas deste prêmio corpo eu divido a cama
E se a alma esfria, o lábio tenso inflama.

E engano-me com o canto colibri de flautas
Quando há mesmo o som de um murmúrio em praça incauta
E envergonho-me enquanto o choro sobressalta
Por uma febre que temo e assusta, mas falta.

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